sábado, 10 de março de 2012


Mito e Filosofia
O homem pode ser identificado e caracterizado como um ser que pensa e cria explicações. Criando explicações, cria pensamentos. Na criação do pensamento, estão presentes tanto o mito como a racionalidade, ou seja, a base mitológica, enquanto pensamento por figuras, e a base racional, enquanto pensamento por conceitos. Esses elementos são constituintes do processo de formação do conhecimento filosófico. Este fato não pode deixar de ser considerado, pois é a partir dele que o homem desenvolve suas idéias, cria sistemas, elabora leis, códigos, práticas.
Compreender que o surgimento do pensamento racional, conceitual, entre os gregos, foi decisivo no desenvolvimento da cultura da civilização ocidental é condição para que se entenda a conquista da autonomia da razão (lógos) diante do mito. Isso marca o advento de uma etapa fundamental na história do pensamento e do desenvolvimento de todas as concepções científicas produzidas ao longo da história humana.  
O conhecimento de como isso se deu e quais foram as condições que permitiram a passagem do mito à filosofia elucidam uma das questões fundamentais para a compreensão das grandes linhas de pensamento que dominam todas as nossas tradições culturais. Deste modo, é de fundamental importância que o estudante do Ensino Médio conheça o contexto histórico e político do surgimento da filosofia e o que ela significou para a cultura. Esta passagem do pensamento mítico ao pensamento racional no contexto grego é importante para que o estudante perceba que os mesmos conflitos entre mito e razão, vividos pelos gregos, são problemas presentes, ainda hoje, em nossa sociedade, na qual a própria ciência depara-se com o elemento da crença mitológica ao apresentar-se como neutra, escondendo interesses políticos ou econômicos em sua roupagem sistemática, por exemplo.
Ao escrever sobre o conteúdo estruturante Mito e Filosofia, os autores preocupam-se em desenvolver textos que permitam aos estudantes de filosofia fazerem a experiência filosófica a partir de três recortes, que são: Mito e Filosofia; O Deserto do Real; Ironia e Filosofia. Além destes, muitos outros recortes são possíveis dentro deste Conteúdo Estruturante. Mito e Filosofia: trata do problema da ordem e da desordem no mundo. O homem, ao procurar a ordem do mundo, cria tanto o mito como a filosofia. Muitos povos da antigüidade experimentaram o mito, que é um pensamento por imagens. Os gregos também fizeram a experiência de ordenar o mundo por meio do Mito. Estes perceberam que o Mito era um jeito de ordenar o mundo. A experiência política grega, ao longo dos anos, trouxe a possibilidade do pensamento como lógos (razão), pois a vida na pólis impôs exigências que o mito já não satisfazia. Mas será que com a filosofia o mito desaparece? Será que em nossa sociedade ainda nos orientamos pelo pensamento mítico? Além dessas e outras questões, esse conteúdo procurará as conexões sociológicas e históricas para entender o mito e o nascimento da filosofia na Grécia.
O Deserto do Real: trata do problema da distinção entre pensamento crítico e não crítico. O que é real, o que parece ser real? Nestas Folhas é proposto que se pense na realidade virtual, tão presente em nosso cotidiano. Quais as conseqüências disso para a constituição do nosso pensamento? Além disso, trata-se da condição histórica do surgimento da Filosofia, o que nos permite perceber a importância da Filosofia para a constituição da democracia e do pensamento político. O texto propõe interdisciplinaridade com a Sociologia e a História. Ironia e Filosofia: propõe a ironia como experiência do método filosófico. Basta olhar para nosso dia-a-dia para perceber a ironia. O mundo é irônico, enquanto alguns se fecham em suas casas outros estão presos em sua condição social. É neste contexto que a ironia torna-se uma possibilidade de exercício do pensamento filosófico. Sócrates é apresentado como o primeiro filósofo a utilizar a ironia para levar seus discípulos rumo à aporia para que melhor se apopriassem do pensamento, a maiêutica. Além de Sócrates, Marx é um filósofo que mostra a sociedade capitalista como sendo uma grande ironia, com seus ideais de liberdade e democracia, mas que de fato não dá a todos esse direito. A música e a literatura são possibilidades de se desenvolver a ironia, seja para lutar contra o poder político autoritário, seja para questionar e criticar a sociedade burguesa falso moralista e conservadora.
Os autores apresentam propostas de atividades que podem possibilitar o exercício do pensamento, do estudo e da criação de conceitos. Essas atividades levam estudantes e professores a filosofar por meio dos conteúdos da História da Filosofia. Esse exercício do filosofar ocorrerá por meio da leitura, do debate, da argumentação, da exposição e análise do pensamento. A escrita constitui-se como elemento importante de registro e sistematização, sem a qual o discurso pode perder-se no vazio. É importante lembrar que o processo do filosofar se dá por meio da investigação na qual estudantes e professores descobrem problemas, mobilizam-se na obtenção de soluções filosóficas, estudam a História da Filosofia buscando no trabalho com os conceitos o caminho do filosofar e recriar conceitos.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Aprender a pensar com os filósofos

Sengundo Gilberto Cotrim, conhecer o que pensaram filósofos de outras épocas e pensar com eles pode ser interessante e fecundo - e facilita nossa vida, pois podemos aproveitar o caminho aberto e depois tomar nosso próprio rumo, sem preder tempo "reinventando a roda".
Você verá, por exemplo, que muitas vezes esses filósofos forjaram algumas visões de mundo bastante diferentes da nossa (ou da sua), mas que ainda fazem algum sentido (ou muito sentido) hoje em dia. Nem que seja para desafiar nossas próprias visões e fazer com que as aprimoremos.
Você notará, também, que outras concepções e recomendações dos grandes filósofos tornaram-se amplamente aceitas e incorporadas ao cotidiano da maioria das pessoas, ou de certos grupos sociais - até de forma transparente e sutil - , enquanto outras ainda são polêmicas, fazendo parte do debate atual.
Não será bom enteder como muitas ideias surgiram? Ou perceber que a vida pode ser concebida de forma distinta da nossa? Ou ampliar nossa concepção do mundo?
Tenha em conta que o objetivo último deste nosso estudo e reflexão é aprender a viver bem e ser feliz.
Aprender com os outros é próprio do ser humano, sendo o que nos constitui. Assim, nos diferenciamos, por exemplo, o joão de barro, o qual desde que se sabe, continua fazendo de maneira idêntica sua casa. O homem, por sua vez, usa cada vez mais de materiais mais econômicos, resistentes e do avanço da engenharia, entre outras áreas... e não precisamos aprender desde o início, mas nos apoiamos no saber acumulado. (Cândido da Cruz).
1. O pensador Cândido da Cruz faz um recorte da citação de Gilberto Cotrim, em Fundamentos de Filosofia, 2010, onde expõe a importância de conhecer o que outros já pensaram, quais os argumentos quel ele usa para demonstrar tal importância?
2. O que significa no texto: sem perder tempo "reiventando a roda"?
3. Segundo o texto: qual é o objetivo último da filosofia? Você concorda? Explique:
4. O que você tem a dizer sobre o que Cândido da Cruz escreveu?

Como é o pensar do filósofo?

Segundo, Aranha, em seu livro: Filosofando, quando cita Amdré Comte-Sponville, ela questiona sovre o que vem a ser um filósofo. Vamos ao texto:
"O que é um filósofo? É alguém que pratica a filosofia, em  outras palavras, que se serve da razão para tentar pensar o mundo e sua própria vida, a fim de se aproximar da sabedoria ou da felicidade. E isso se aprende na escola? Tem de ser aprendido, já que ninguém nasce filósofo e já que a filosofia é, antes de mais nada, um trabalho. Tanto melhor, se ele começar na escola. O importante pe começar, e não parar mais. Nunca é cedo demais nem tarde demais para filosofiar, dizia Epicuro (...). Digamos que só é tarde demais quando já não é possível pensar de modo algum. Pode acontecer. Mais um motivo para filosofar sem mais tardar". (Aranha, Maria, Filosofando, Introdução à Filosofia, Editora Moderna, São Paulo, 2009, p.15).